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abril 28, 2015

Vivencia - Publicada em 2010 na antologia do mesmo título "Vivencias"


                                                                 Vivencia


                                   Pânico!! Você também pode sair disto...


   Não sei se fui companheira do medo, ou ele meu companheiro, o fato é que eu já não suportava mais viver com medo...

 ― Você tem que tomar uma providência minha filha, ninguém merece viver desta forma...
Ouvia minha mãe quase sempre falar para mim.
    Eu sabia que já estava incomodando. Vivia na dependência das pessoas que deixavam seus afazeres e compromissos para me fazer companhia.
    Tinha consciência que não poderia continuar com aquele pavor de tudo. A realidade, é que eu tinha medo até da minha própria sombra, mas não sabia o que fazer.

     Passei a vida inteira com medo, mas, um dia tudo se agravou...

   Chorava muito, minhas pernas doíam, eu não sabia o local definido da dor, e os tornozelos estavam terrivelmente inchados. Porque estava acontecendo aquilo? Eu me perguntava e não entendia. Deitei-me com as pernas para cima enquanto aguardava desaparecer aquelas dores terríveis. Com os olhos fechados eu pensava: “tanta coisa para resolver...”  Eu estava fechando minha loja e tinha muitas providências a tomar. Não podia ficar deitada de pernas para cima. Havia tomado um analgésico e parecia que ele começava a fazer efeito. Continuei com os olhos fechados, e os pensamentos povoaram a minha mente. Pensei na minha filha que estava a pouco mais de um mês morando em Londres, fato que me deixava muito preocupada depois daqueles atentados terroristas a bomba em estações de metrô e em um ônibus que resultou em dezenas de mortos. Ainda tinha nítida em minha lembrança a angustia que sentimos sem podermos nos comunicar com ela durante toda aquela manhã devido ao congestionamento nas linhas de comunicação.

 Pensava nos momentos difíceis que estava passando, estávamos fracassando profissionalmente, eu e meu marido.
Pensava no meu filho que mudara-se para outro estado com sua segunda esposa aos 21 anos, fugindo de uma situação constrangedora que era imposta a ele por sua primeira esposa.
Com tudo isto eu me sentia perdida. 

    Abri os olhos, mexi as pernas e vi que as dores haviam aliviado, embora os tornozelos continuassem inchados, levantei-me, tomei uma ducha fria e fui para a loja.

    No final de julho de 2005 eu e meu marido estávamos em casa, os dois sem trabalho, portanto, sem renda. Eu, que deveria estar enviando ajuda de custo para os estudos da minha filha, passei a receber ajuda dela, que com visto de estudante se matava de trabalhar para poder enviar ajuda para nosso sustento. Entrei em um estado de angustia muito grande, pois sabia que ela estava trabalhando demasiadamente para ela e para nós dois.

     A situação foi ficando mais difícil. Eu, que durante vinte e tantos anos sempre estivera na ativa, passei a ficar em casa aos 54 anos. Meu marido, que sempre fora empresário, agora saia todos os dias para trabalhar como vendedor na empresa de um amigo nosso. Já não saiamos juntos para trabalhar, ele ia e eu ficava. Não podia mais comprar meus perfumes, meus cremes para o rosto, para o corpo aos quais estava habituada, minhas roupas, já não podia fazer minhas compras de supermercado, as contas se acumulavam, a agua era cortada, a conta de energia paga nas carreiras para ser religada, cobranças judiciais do condomínio...

     Minhas pernas voltaram a doer, meus braços davam descarga elétrica, e de repente, não podia levantar pois estava paralisada calçada de almofadas e com dores em todo o corpo.

      Fomos em busca de um médico pelo INSS, pois não tínhamos mais plano de saúde, e depois de muita procura voltamos para casa frustrados, sem atendimento.

    No outro dia, por indicação da esposa de meu cunhado, que era instrumentista em um hospital, fui atendida em uma clínica por um médico amigo dela, onde fiz alguns raios X que atestou bico de papagaio na cervical e na lombar. Tomei anti-inflamatórios por duas semanas, voltei a caminhar normalmente, mas continuava a ter descargas elétricas nos dedos das mãos e nos braços.

       Um certo dia eu estava sozinha em casa e senti um medo muito grande, e que eu não sabia o porquê, tentei respirar fundo e controlando fui a cozinha tomar um copo com água.
O medo, virou pavor.          
Sai correndo, abri o portão e fui para a rua onde avistei um rapaz que estava na pracinha logo adiante, chorando gritei por ele, ele sem entender passou por mim e disse que irá chamar a mãe. Fiquei no meio da rua chorando, transtornada.
      A mãe do rapaz chegou e me segurou pelos braços tentando me guiar de volta para dentro de casa. Eu me recusei a entrar, ela me sentou na varanda, eu sentia que algo parecia tomar conta do meu corpo, me deixava enrijecida. Eles me perguntavam para quem poderiam ligar avisando. Eu não lembrava o telefone do meu marido nem o da minha mãe, e depois de muito tentar, consegui lembrar o telefone de minha sobrinha. Eles então a contataram e pouco tempo depois ela chegou, antes de vir, ela mesmo ligou para minha mãe e meu marido, que chegaram logo depois. Com muito custo conseguiram me levar para dentro da casa, o medo de entrar em casa era apavorante. Depois de tomar muitas beberagens feitas por minha mãe, comecei a ficar mais calma e cai em um sono leve.

       A partir daí, não consegui ficar mais sozinha em casa.
Só o fato de alguém fazer menção de sair e me deixar só eu entrava em pânico, começava com a falta de ar e a ameaça de desmaio, ai então vinham as crises de choro.

      Não ficava um segundo sequer sozinha em casa, imaginava que tinham presenças invisíveis que me acompanhavam. Não saia sozinha, achava que todos os olhares estavam voltados para mim, tinha a sensação de que iria ser assaltada, ou iria acontecer algum acidente. As crises de choro eram constantes, acompanhadas de forte falta de ar, o coração disparava, e vinha aquela sensação de que eu estava morrendo.

    Por insistência do meu filho viajei a Aracaju -Se, cidade onde ele estava residindo, para passar uns dias com ele e o meu neto que na época estava com a idade de 8 anos. Passei dias tranquilos e maravilhosos procurando me entreter em fazer planos para o futuro, tanto ele como minha nora conversavam muito comigo, levantando minha autoestima e me fazendo ver que eu poderia recomeçar. Nunca saia os dois, sempre ficava um para me fazer companhia, mas um certo dia os dois tiveram que sair, e só restava meu neto. Meu filho dirigiu-se a ele e falou:
    -Marlon! Nós precisamos visitar uns clientes e sua avó não pode ficar sozinha, não saia! Fique sempre junto com ela.
Ele colocou o celular no ponto certo para qualquer emergência eu só precisar apertar a tecla, e os dois foram embora.

 Depois de algum tempo Marlon inocentemente perguntou:
    -Vó, posso dar uma descidinha para ver meus amigos na piscina?
Naquele momento me senti envergonhada de estar privando o meu neto do seu momento de lazer e como estava me sentindo bem falei:
        Vá Vitinho, - era como eu chamava ele – sua vó está bem.
Ele desceu, e da varanda eu o via e via as pessoas na piscina.
Sentei no sofá e liguei a televisão. De repente, comecei a sentir um medo terrível.  Ainda fui até a varanda e tentei gritar por Marlon, mas não o vi. Comecei com um aperto muito grande no coração, e já não conseguia respirar, a sensação que sentia era que ia morrer ali mesmo. Peguei o celular e liguei para o meu filho, mas só chorava e não conseguia falar uma só palavra, ele desesperado, pediu licença ao cliente que estava atendendo e voltou voando para casa, a sorte que era bem perto e ele não demorou a chegar. Encontrou-me sufocada e apavorada, me abracei a ele e chorei copiosamente. Aquilo foi aliviando a medida que me sentia segura ao lado dele. Quando meu neto subiu, recebeu uma reclamação do pai e chorou. Naquele momento senti uma mistura de sentimentos: vergonha, tristeza, ódio de mim mesma... 

       O que fazer? A família já não sabia de que forma me ajudar. Minha irmã junto com uma amiga levou-me a um centro espírita, o que me proporcionou uma certa paz. Mas, os medos continuavam. Meu marido saia muitas vezes correndo do trabalho para me encontrar perambulando dentro do nosso condomínio pelo fato da nossa secretária ter saído mais cedo pois, ao sentir-me sozinha, entrava em pânico e ligava para ele chorando.  Ficava andando desnorteada até ele chegar, naquele momento eu me jogava nos braços dele desesperada e chorava muito.

       Fui levada ao Dr.Vicente, um médico indicado por minha mãe e o mesmo constatou que eu estava com Síndrome de Pânico. Comecei a usar tarja preta. O remédio me deixava mais tranquila, e assim comecei aos poucos a ficar em casa.
    Me trancava dentro do quarto da minha filha. Levava água, um lanche, tudo que fosse necessário para não ter que sair de lá para nada, soltava o cachorro na área externa, e lá ficava até meu marido chegar em casa. Sentada em frente ao computador, comecei a escrever.

    Em agosto de 2006, fui participar de um evento automobilístico levada por minha irmã para que eu começasse a sair e me integrar com outras pessoas. Em um determinado momento, senti uma forte dor no peito e fui levada para o carro ambulância da SAMU, onde fui atendida e recebi um comprimido sublingual para fazer baixar a minha pressão que estava alta. A dor continuava insuportável, me deram mais um comprimido para ingerir e me colocaram no oxigênio devido à grande dificuldade para respirar.  Levaram-me enfim para o hospital. Eu já tinha um plano de saúde feito através da empresa onde o meu marido estava trabalhando. Após alguns exames, o médico chamou o meu marido e informou que eu precisaria ficar na semi-intensiva pois o quadro era de infarto.

      Depois de vários dias de internação e muita medicação, fui submetida a um cateterismo. Os resultados dos exames foram normais, estando só com uma baixa muito grande de potássio. Depois de uma semana fui liberada e não dava para entender porque eu estivera em uma semi-intensiva com fortes dores precordiais a ponto de fazer um cateterismo.

   Continuei na minha vidinha de reclusão. Depois de quase dois anos neste sofrimento e uma vontade tamanha de mudar de vida fiz um treinamento com base na PNL. Foram três dias de completa imersão os quais trabalhei muito as minhas emoções e daí em diante comecei a ter um controle melhor. Minha filha retornou da Inglaterra, parei de tomar os remédios e quando vinha os momentos de pânico, eu respirava e dizia para mim mesma que aquilo só existia na minha imaginação, e esta eu posso controlar. Portanto, não há motivos para pânicos. Pensava comigo, “Se eu morrer, vou morrer sozinha, mesmo que eu esteja ao lado de muita gente”. Então não havia mais a necessidade de ter sempre alguém para ficar comigo dentro de casa e seguir os meus passos até para ir ao banheiro, onde em tempos atrás, nem ali eu conseguia ir sozinha.

  Com dois meses após este treinamento meu marido precisou viajar, ainda tentei buscar alguém para dormir comigo, mas como não encontrei, falei para ele:

        Vá! Esta é a chance que tenho de me testar.

   Passei dez dias sozinha. Deus sabe, senti momentos que parecia que tudo iria voltar, que iria ter uma crise de pânico, mas venci...

       Você pode mudar, é só acreditar que todos os bichos interiores são criados em um determinado momento de nossas vidas, e assim como tivemos o poder de cria-los temos o poder de elimina-los.

    Contei com a compreensão e o amor do meu marido e dos meus filhos. O amor me ajudou a superar aquela fase difícil.

    A persistência do meu marido me levou a fazer este fantástico treinamento com base na PNL e mudar a minha história.

          Hoje depois de dois anos não posso dizer que os medos não existam, mas posso dizer que lido com eles de uma forma civilizada. Já não incomodo a minha família para me fazer companhia, pois aprendi a viver sozinha.

         Separada atualmente do meu marido, em função de uma relação que foi se desgastando ao longo do tempo, tenho como companhia meu cachorrinho Bono, um Shi – tzu muito fofo e o meu computador onde me dedico a escrita. Neste período de dois anos escrevi dois romances e uma linda história infantil a qual dediquei ao meu neto Marlon Vitor. Minha filha ainda solteira, trabalha em uma plataforma de petróleo, e passa comigo os 14 dias da sua folga, Anjo em minha vida.

              Aos 59 anos tenho muitos sonhos, e o maior deles é ver os meus livros publicados.

          Felicidade, hoje sei que é um estado de espirito, tem momentos que me acho a pessoa mais infeliz do mundo, em outros sou a pessoa mais feliz do mundo. É só saber superar o estado ruim e vivenciar infinitamente o estado bom. Sempre minha filha me diz: “você é responsável em tornar o seu dia bom ou ruim, só depende do que você quer para seu dia.” São os dias que fazem os meses, são os meses que fazem os anos, são os anos que fazem uma vida bem ou mal vivida.
      A PNL também nos ensina muito bem isto.




março 25, 2015




Queridos leitores e seguidores, sinto-me em falta com vocês ao congelar minhas postagens no blog.
Nos últimos tempos mudei o foco, talvez por uma causa maior... andei trilhando caminhos que foram de grande importância para minha Evolução Espiritual, e precisei imergir.

Retorno as minhas escritas com a firme decisão de publicar o que já tenho escrito. Para isto estou com uma campanha no site www.kickante.com.br. Site este, que nos proporciona a oportunidade de realizar muitos projetos se soubermos fazer campanhas bem elaboradas.

A campanha "Quero dar vida a Juliete" é uma campanha para publicação do meu primeiro livro escrito na categoria Romance.

Conto com vocês no meu time kickante para concretização deste projeto. Entrem no site e deixem comentários, que responderei com muito prazer.

Beijos no coração de todos vocês...

Vamos Kickar? JUNTOS SOMOS UMA MULTIDÃO!

                                                   http://www.kickante.com.br/campanhas/quero-dar-vida-juliete

Estou muito orgulhosa do meu neto de 5 anos, que acabou de publicar seu primeiro livro de história. O livro está lindo e bem ilustrado, as i...